sábado, janeiro 12, 2008

O Papel do Partido Socialista

Os partidos políticos, hoje mais do que nunca, desempenham um papel chave na sustentação da democracia, porque dificilmente há democracia sem partidos e não há partidos sem democracia.
Uma democracia forte precisa de partidos políticos abertos, transparentes e receptivos perante os seus eleitores. Por isso, e nesse sentido, a reforma dos partidos políticos e dos sistemas partidários transformou-se numa prioridade.

Muitas vezes o funcionamento actual da democracia e dos partidos, gera enormes insatisfações. Reflectindo-se no seu modo de actividade, práticas e tendências para imperar o “trabalho” partidário que visa internamente a tomada do poder pelo poder, afastando a discussão ideológica, a defesa dos princípios e em que as discussões são centradas em torno das pessoas, sem conteúdo político e visando em exclusivo o aliciamento ao voto para apoiar os objectivos e estratégias de poder pessoal. Pensar a democracia exige a construção de "argumentos correctamente articulados", dado que o seu funcionamento tem como premissa, que "ideias erradas sobre a democracia se traduzem em erros de democracia".

A crescente dependência da actividade política interna dos partidos aos interesses privados dos seus principais protagonistas é motivado muitas vezes pela problemática dos altos custos das campanhas eleitorais, que aumentam continuamente e pela crescente mediatização da actividade política, o que origina subordinação aos interesses económicos e aos dirigentes que com esse meio melhor se relacionam. Os eleitores-cidadãos são substituídos pelos eleitores-consumidores, susceptíveis às mensagens publicitárias e o mesmo se passa dentro dos partidos, que reflectem a sociedade, e que se traduz na prática de tráfico de influências, promessas de favorecimentos e até relacionamentos de dependência.

Aos partidos, enquanto elementos essenciais da construção da democracia, compete uma função de agregação de interesses, indispensáveis à construção do bem comum. O que diferencia as organizações próprias dos sectores sociais e os partidos, é o facto de estes últimos não só representarem politicamente a sociedade, como o de oferecerem soluções e definirem políticas de alcance geral acima dos interesses particulares dos grupos, sectores ou pessoas.

É fundamental concedermos maior importância ao ideário e aos princípios, fazendo participar todos os militantes na vida colectiva do partido, numa lógica de espírito de servir em que o poder e o seu exercício devem servir os ideais, a ideologia e que não sejam exercidos como um fim em si mesmo. Em política as ideias devem ser a essência e os partidos instrumentos de concretização de ideais e no caso do nosso partido nos ideais do socialismo. O cidadão que é militante tem deveres acrescidos de cidadania e deve ser um exemplo de servir e privilegiar o reforço dos ideais e de interlocução entre a sociedade e o próprio partido, contribuindo para a credibilidade e dignificação da política e dos políticos e com elas dos dirigentes e das estruturas partidárias.
Ao longo dos últimos anos o concelho da Figueira da Foz tem vindo cada vez mais a perder capacidade de decisão e influência ao nível do poder político distrital e nacional. Vários factores poderão explicar essa situação, uns pela perda progressiva de competências, de capacidade económica e de inépcia de atrair e fixar investimento que altere essa tendência, mas outros relacionam-se com a incapacidade de eleger alternativas que sejam verdadeiros interpretes e representem e liderem a vontade de renovação e dos interesses da região e não o dos instalados nas “máquinas” partidárias.

Hoje, mais do que nunca os partidos devem adequar-se às novas dinâmicas políticas e sociais, vinculando-se às necessidades dos militantes, tendo como prioridade a defesa dos princípios e do primado dos ideais socialistas, assumindo a militância partidária como uma responsabilidade cívica acrescida, incentivar o debate das ideias como forma de unir o partido, recusar a concepção do poder que se afasta dos princípios e da razão, das nossas convicções colectivas e entender o trabalho partidário como um acto de cidadania e de civismo. Só assim, os cidadãos voltarão a confiar no partido socialista e a dar-lhe as maiorias eleitorais para governar o Concelho